quarta-feira, 17 de março de 2010

MEMÓRIA FUTURA BEM CONTADA

Depois de vários meses de um inacreditável processo com telefonemas, sms, mails e reuniões e mais reuniões com o Presidente da Câmara, com o objectivo de constituir o Conselho de Administração da Prazilândia, para o qual fui, por ele, convidado em Julho passado, resolvi auto excluir-me do processo por não ver cumpridos os pressupostos acordados.

Com efeito, a referida auto exclusão decorre e confirma-se pela ausência de resposta do Presidente da Câmara a uma mail que lhe enviei na passada segunda-feira, e que a seguir se transcreve.

O documento em questão tem por objectivo tornar público aos Castanheirenses o comportamento que está subjacente a uma tomada de decisão deveras importante para o Futuro de Castanheira.



Caro Fernando Lopes,

Depois da nossa reunião, em sua casa, no dia dez do corrente, reflecti muito sobre o que falámos e sobre a sua nova proposta de configuração da Administração da Prazilândia.

Em primeiro lugar, e apesar das razões de índole particular que invocou para não querer ser o futuro Presidente do Conselho – primeira das três condições fundadoras do nosso acordo –, não acho, sinceramente, que o facto de estar a encarar a hipótese de não terminar o seu mandato, seja razão para alterar o que estava combinado. Quando saísse, se saísse, ver-se-ia.

Depois, porque ao enunciar uma configuração com os três elementos remunerados no Conselho de Administração, contraria outra das condições fundadoras e que passava pela desoneração, saneamento e contenção financeira e previa um só administrador-executivo e remunerado.

Finalmente, a mais importante das três condições fundadoras do nosso acordo, legitimava-se no Projecto de Dinamização e Desenvolvimento que lhe apresentei e que, por inerência de “propriedade”, me permitia a sua implementação no terreno através do cargo de administrador-executivo, ainda que, como combinado, sujeito a avaliações de desempenho anuais.

Ora, quando parecia estarmos perto da solução que há muito urge, e, atendendo a tudo o que me disse nos últimos dias e que passava por colocar no lugar de administrador não executivo, uma “pessoa” sua conhecida de Coimbra, com conhecimentos na área do Turismo, por ter sido assessor do falecido Dr. José Manuel Alves, a configuração que nessa reunião, surpreendentemente, me apresentou, sai fora de tudo o que anteriormente me disse e contraria todos os pressupostos que nos federaram:

- Um administrador remunerado em vez dos três que agora sugere;

- José Ribeiro, seu amigo de Coimbra, não como administrador não executivo, mas como Presidente do Conselho de Administração, lugar que teria de ser seu.

Repare, se se arrancasse, agora, com estas condições, ainda nada havia sido feito e os encargos fixos, fora outros por inerência dos cargos, já tinham aumentado cerca de 4500€/mês, 63000€/ano! (12600 contos/ano!).

Então, como é que se explica e pode ser compreensível que há um mês atrás, quando ainda se “lutava” para que viesse a ser eu o único administrador-executivo e remunerado, me tenha sido proposto, por uma questão de contenção de custos, um abaixamento de salário de 500€/mês, tomando como referência a situação do actual administrador-executivo cujo salário é de 1850€/mês, vindo eu, portanto, a usufruir de 1350€/mês, e agora, esta proposta, contempla 1500€/mês para cada um dos DOIS administradores (Dra. Clara Kalidás e eu), e mais ainda, em regime de meio-tempo, 800€/mês para o Presidente do Conselho, cuja entrega de trabalho seria de um dia por semana?

E andou-se até aqui (cinco meses !), obsessivamente, a construir argumentos para dificultar a minha nomeação, pelo eventual impacto negativo que a mesma poderia ter, mesmo sendo eu o único Castanheirense que se levantou da cadeira confortável da crítica fácil e não construtiva e se aprestou a corporizar o único Projecto Estratégico de curto e médio/longo prazo que se conhece – incluindo todas as administrações da Prazilândia – cuja exequibilidade é inequívoca e a alavancagem financeira facilmente demonstrável?!

Que serviço “estaríamos nós” a prestar à Castanheira?!

Antes que os Castanheirenses se interroguem para tentar perceber o que esteve por detrás ou na base destas decisões, interrogo-me eu, desde já. Agora!


Meu Caro Fernando,

Em todo este processo houve uma coisa que sempre nos aproximou e uma outra que sempre nos separou.

A primeira, foi o valor que sempre me disse reconhecer no Projecto, o interesse enquanto Presidente da Câmara em o ver implementado no terreno e o discernimento que sempre me mostrou para assumir que este projecto, para ser desenvolvido por mim, tinha, obrigatoriamente, de o ter a si como Presidente da Prazilândia.

A segunda – a que sempre nos separou – e é com todo o respeito, como de todas as outras vezes que lho disse, que mais uma vez volto a dizer-lho:

- Seja Presidente da Câmara!

Não tenha dúvidas de que é isso que os Castanheirenses esperam de si!

Quanto às pessoas que aventou para a Administração da Prazilândia, em primeiro lugar e em relação à Dra. Clara Kalidás, nada tenho contra ela, pelo contrário, creio, até, poder dizer que entre nós sempre houve uma grande empatia.

A questão não é essa.

A questão prende-se com aspectos de estratégia financeira.

Por um lado a contenção que a situação da empresa exige, opinião, aliás, partilhada pela Dra. Castanheira Neves e que o Fernando disse que eu deveria ter em conta quando assumisse a Administração, por outro lado, a imperiosa necessidade de canalizar todas as verbas que possam ser aportadas à estratégia de financiamento do Projecto, por forma a garantir o crescimento e a sustentabilidade económica de Castanheira.

Quanto ao Sr. José Ribeiro, cuja nomeação para Presidente sustenta com os factos de, por não ser Castanheirense, mais facilmente “poria ordem na Prazilândia” e cujos “conhecimentos seriam uma mais valia", pergunta-se:

- Os funcionários da Prazilândia devem assim tanto ao desempenho e ao bom comportamento que precisem dum "chicote correctivo", ou apenas e sempre esperaram, sem sucesso, que lhes explicassem qual o Objecto Social da Empresa e lhes fosse apresentada uma Estratégia de Futuro de que se sentissem Parte Integrante e em que as suas situações profissionais fossem clarificadas e classificadas e os seus desempenhos responsabilizados e premiados?!

- E "a mais valia dos conhecimentos" dos Sr. José Ribeiro, preenche, por acaso, algum dos três aspectos de carácter estritamente técnico que o Projecto que apresentei necessita ser munido para, certificadamente, os implementar, e que seguidamente relembro?!

a) Estudo de Mercado para quantificar o valor actual da Praia das Rocas no mercado publicitário e o upgrade decorrente da implementação das acções e eventos a desenvolver;

b) Estudo Sociológico para identificar o público actual da Praia das Rocas e caracterizar o público-alvo;

c) Estudo Técnico e Ambiental para se proceder à renovação das águas da piscina e da Praia, e seu escoamento no leito da ribeira, para, assim, se poder abrir, garantida e certificadamente, a praia às segundas-feiras.

É que para desenvolver todo o resto deste Projecto, cuja exequibilidade não tenho qualquer problema em defender em qualquer lado e qualquer plateia, e tal como se infere do conceito "Slow Cities", se se quiser Afirmar uma Região nos contextos Turístico e de Lazer, no caso, a Castanheira, é fundamental que a partir das Nossas Particularidades e Especificidades criemos Produtos Bem Estruturados e de Qualidade que ofereçam "Hospitalidade, Politica Ambiental, História e Tradições Locais" e só há uma forma de "criar" produtos assim:

- Sabendo para que lado corre o mundo e sopra o vento;

- Nascendo e Vivendo neles e Com eles, mesmo antes deles existirem!;

- Sentindo, Amando, Importando-se!

E a terminar quero dizer-lhe, preocupadamente, que muito mal vai uma Terra onde a Agenda Política, não se pauta por medidas desassombradas e estruturantes mas pela pequena política condicionada por interesses federados, umbilicais e de passo curto.

Não! O que o meu “lastro” de vida, que não é só negativo, me diz, é que Esta Solução Não Acautela os Superiores Interesses da Castanheira e que isso me obriga a olhar para as coisas de outra maneira.


Caro Fernando,

Não quero estar muito mais tempo ligado a este impasse que me desgasta e está a prejudicar , mas que prejudica muito e muito mais a Castanheira, Minha Terra!

Quanto à sua enorme "dificuldade", manifestada para mim em sua casa no passado sábado, em arranjar um eventual e plausível argumento para dar ao Sr. José Ribeiro, se não o confirmasse como Presidente da Prazilândia, "três dias após lhe ter dado a entender isso", pergunto-lhe:

E comigo?!

Sete meses com a "cabeça metida" neste Projecto!?...

Criando novas expectativas de vida e não me envolvendo noutras!?...

Assumindo compromissos, "sentados" no compromisso que assumiu comigo!?..

Finalmente, quero manifestar-lhe o meu reconhecimento por acreditar em mim e no meu Projecto, mas não posso deixar de lhe dizer que nunca consegui, e não consigo, ficar Indiferente à Decepção, se e quando, ela me bate à porta!


Em face do que aqui lhe exponho,espero uma resposta sua até ao ínicio da tarde de amanhã (terça-feira), na expectativa de que, tal como acordámos em Julho e o reafirmámos em Outubro, este Projecto deveria ser desenvolvido por mim no "terreno", sendo que, acima de mim, só poderia estar, concomitantemente o Presidente da Câmara e o Presidente da Prazilândia.


Aceite um abraço ao Presidente da Câmara,

José Manuel Henriques

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